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segunda-feira, 9 de agosto de 2010


MANIFESTO PARTENEGRA AO II COBAENE


Ao II Congresso Baiano de Educadoras/es Negras/os

A proposta de organização política dos educadores negros, inaugurada pelo Coletivo PARTENEGRA em maio de 2008, com a realização do I COBAENE chega hoje ao seu momento de maturidade. A realização da segunda edição que hoje estamos iniciando é resultado não só do primeiro Congresso, mas também é principalmente da nossa atuação política ao longo desses últimos dois. Durante esse período acumulamos muitas conquistas, fruto do nosso fortalecimento político e do capital teórico desenvolvidos durante o I CONGRESSO; Fomos convidados a participar do Fórum Permanente de Educação e Diversidade Etnico-racial da Bahia, organismo composto por diversas instituições da sociedade civil que militam na temática da educação das relações étnico-raciais e por representações governamentais tais como a Secretaria de Educação do Estado e Secretaria de Promoção da Igualdade. Estivemos presentes no dialogo regional em Aracaju e no encontro nacional em Brasília que tiveram como objetivo a elaboração do Plano Nacional para a implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais e Para a Educação das Relações Étnico-raciais, sendo hoje o principal instrumento das políticas publicas do MEC para a Educação das Relações Étnico-raciais no Brasil, alem disso temos acompanhando de perto as diversas ações que tem apontado avanços na educação das relações étnico-raciais no nosso Estado tais como a criação do Fórum Permanente de Educação Quilombola ocorrido no inicio desse mês no município de Seabra.
Temos o entendimento de que vivemos um momento oportuno e que conquistas significativas tem sido alcançadas, por outro lado ainda estamos longe de poder comemorar. O fato é que apesar da soma dos esforços que temos feito, desde a professora em sala de aula buscando criar estratégias para enfrentar as dificuldades até as políticas publicas de governos mais progressistas, ainda não conseguimos mexer na estrutura racista da sociedade presente nas nossas escolas.
É marcante a presença do Mito da Democracia Racial, ideologia cristalizada na sociedade brasileira na primeira metade do século passado, que arraigou um pensamento a partir do qual afirmava-se não haver racismo. Dizia-se que no Brasil não existiam negros ou brancos, mas uma única raça mestiça, portanto, todos iguais. Assim como as diversas instituições, a escola absolveu este pensamento, que resulta na ausência de conteúdos acerca dos conflitos raciais e das condições sociais impostas à população negra desde o inicio da escravidão e mesmo após a abolição, e na manutenção da exclusão racial que desde lá, impediram que os negros tivessem acesso a espaços políticos e econômicos na sociedade. Em outras palavras, podemos dizer que a escola assimilou e reproduz o pensamento racista vigente no Brasil, negligenciando a realidade e mascarando os as contradições existentes dentro e fora do ambiente escolar, bem como é conivente com a ausência dos conhecimentos relacionados ao legado histórico, político e social dos povos africanos que foram trazidos para o Brasil, e com a trajetória de seus descendentes em terras brasileiras.
A escola, ainda, falta com o seu papel na valorização da diversidade racial e cultural, reduzindo-se a uma instituição reprodutora dos interesses dos grupos hegemônicos, preservando e refletindo os seus intentos eurocêntricos e corroborando com a manutenção do seu status quo.
É nesse contexto que damos inicio hoje ao II Congresso Baiano de Educadores negros. Durante os dias que se seguem estaremos debatendo e refletindo sobre temas de grande relevâncias para a nossa formação teórica e política, Gênero e Sexualidade, Gestão Democrática, Religiosidade, dentre outros. Contudo entendemos que potencializar o protagonismo política dos Educadores Negros é o resultado mais significativo desse Congresso. Nossa expectativa é que os debates na plenária final nos conduzam para a construção de um organismo político que agregue o conjunto dos Educadores Negros e que se consolide como um instrumento legitimo de luta por uma educação verdadeiramente plural, democrática e cidadã.


Salvador, Julho de 2010.

MESA DE GÊNERO



Mesa sobre: Religiosidade




FOTOS - II COBAENE 2010


CONFERENCISTA: KABENGELE MUNANGA


KABENGELE MUNANGA À ESQUERDA E À DIREITA O MESTRE DE CERINÔNIA, KLEBER ROSA


LEITURA DO MANIFESTO AO II COBAENE: ADENILTON LOPES

I Congresso Internacional de Línguas e Literaturas Africanas e Afro-brasilidades

A Universidade do Estado da Bahia (UNEB), através do Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias do Campus XXIII, Seabra, promoverá o I Congresso Internacional de Línguas e Literaturas Africanas e Afro-brasilidades (CILLAA) de 21 a 24 de outubro de 2010. O evento reunirá personalidades de reconhecimento internacional, oriundas do Brasil; de países africanos e de outros países nas áreas de línguas e literaturas africanas; de identidades nacionais africanas e afro-brasilidades. Na oportunidade, poderemos ouvir e dialogar com várias vozes autorizadas, inclusive de África, estabelecendo contatos diretos.
O CILLAA tem por objetivo principal contribuir para a formação e aperfeiçoamento de profissionais nas temáticas sugeridas por ele, além de oportunizar o diálogo com estudiosos consagrados e entre estes estudiosos no centro geográfico da Bahia. Acreditamos que este será mais um importante passo dado pela UNEB no sentido da formação de professores e demais interessados em temáticas afro e afro-brasilidades.
Apesar de sermos em nossa maioria profissionais das Letras, as discussões interessam às demais humanidades. Há algum tempo que as Letras realizam interfaces com outras áreas, principalmente das Ciências Humanas, com o CILLAA não ocorrerá diferente. O CILLAA é evento calcado nas Letras, mas em constante e obrigatória comunicação com a cultura.
http://www.cillaa.uneb.br/